quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Desgraças Semelhantes

    A administração é uma arte. Um grande administrador deve considerar sempre seus objetivos e encontrar um meio termo que agrade todos os lados. Isso as vezes requer a humildade de aceitar pequenas derrotas, ou rever suas políticas anteriores. É assim que defino, pessoalmente, a administração exemplar.    

    Há um mês atrás sentado em um chalé de esqui nos Alpes italianos, eu chorava profusamente. Mudando o canal freneticamente entre a CNN, France24, e a BBC assistia imagens privilegiadas do Massacre em Gaza. Chamo-as de privilegiadas pois nem todos os paises do mundo contam com tantos veículos de comunicação com agencias próprias. Por isso muitos não puderam ver a realidade do episodio. 
    O governo Israelense tem tomado a posição de que a invasão e bombardeio de gaza, que matou tantas crianças, mulheres, e civis em geral, foi um sucesso. Pergunto: Como? Mil vezes, como? Fiquei calado sobre esse assunto durante semanas aqui no blog por temer que minha emoção distorcesse impedisse um discurso objetivo. E por mais que receio ser atacado como isso ou aquilo por minhas opiniões, os recentes discursos de Tzipi Livni não me permitem continuar calado. A ministra de Relações Exteriores ousou exclamar que “a vitória” de Israel deveria servir como um exemplo do que pode ser feito no Oriente Médio. Não posso concordar. Nos meus olhos a tal vitória foi nada mais que um holocausto. O extermínio sistemático durante vinte e tantos dias de uma população que ao passar das décadas foi cada vez mais encurralada em um pequeno território. Tudo isso às mãos de um povo que a pouco tempo sofreu desgraças semelhantes. Como disse Churchill “independente da beleza da estratégia, ocasionalmente deveria se olhar o resultado.” Até onde a lógica pode intervir no bom senso.    Não pretendo defender as violências cometidas pelo Hamas. Muito menos saber como resolver as cicatrizes que sobraram de tantas injustiças cometidas pelos dois lados. Mas me ocorre que não se passa de uma questão administrativa. Acredito que Israel deveria agir como a democracia mais experiente que é, e chegar a um acordo mutuamente agradável para resolver este conflito. Enquanto não enxergarem que o convívio sustentável (termo que deveria ser redundante por principio) se baseia no equilíbrio de satisfação, a paz continuará sendo um sonho. A boa administração requer cedências.
    Diante do discurso da ministra e as recentes ações prefiro me abster de opinar muito além do que já fiz, e assim fecharei o texto relembrando dois ditados. O primeiro do jornalista G.K. Chesterton direciono a tantos veículos do mundo que compraram um lado do conflito cegamente. “Falácia não deixa de ser falácia somente por virar moda”. E por ultimo algo dito pelo ex-presidente dos Estados Unidos Andrew Jackson, “Um homem de valor defende aquilo em que acredita, mas requer um homem ligeiramente melhor do que este para ceder imediatamente e sem restrição quando esteja errado.”

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Back to Business


    Engraçada a relação tão intrínseca do mundo com a economia. No início do século vinte o Carro Elétrico dominava. A eletricidade era produzida à base de combustíveis fosseis para carregar a bateria dos carros. Mas com o desenvolvimento das Economias de Produção surgiu um aumento da dependência sobre o Veículo, e consequentemente um aumento de vendas. E com isso surgiu uma oportunidade no mercado. Por que extrair combustíveis, para então gerar eletricidade, e depois carregar o carro? Poderosas como Standard Oil (Exxon Móbil), logo viram que não se precisava mais do “middle-man”. Podiam simplesmente refinar o óleo e vender gasolina diretamente. Cem anos depois, em meados de uma crise das grandes produtoras de veículos, são os mesmos incentivos econômicos que revitalizaram das cinzas o modelo Elétrico.
    Detroit anuncia este ano seu plano para começar (voltar) a produzir carros eléctricos. Para aqueles que pensam que os motivos são ambientais, pensem novamente. A maioria da eletricidade produzida nos Estados Unidos vem da queima de Carvão. Para os que não sabem a queima de carvão é a forma mais danosa ao ambiente de se gerar eletricidade. E diante das tecnologias de produção de eletricidade virtualmente limpas à base de vento (veja ao lado minha foto na Alemanha) e água, podemos descartar a defesa dos propósitos ambientais. Mas então por que será?
    Lá vem a economia de novo. Pergunto: O que fariam empresas como a Exxon Móbil se de um ano para o outro os carros do mundo não precisassem mais de seus produtos? Falência, crise econômica, caos... E lógico com tantas noticias informando essas multinacionais que o mercado esta começando a andar nesta direção estas começariam a inovar sua oferta de produtos, integrar novos métodos (etanol, biocombustível, etc.). Esquisito que a Exxon Móbil acaba de votar em sessão fechada a continuar o investimento na produção de petróleo? Já matou a charada?
    A verdade é que quando Detroit começar a produzir estritamente carros elétricos, os EUA poderão abandonar o carvão e simplesmente ajustar sua produção elétrica para a base de petróleo. Assim, não matarão de noite para o dia um dos mercados mais importantes a sua economia nos último século. Afinal, seja o petróleo Americano ou não, são as empresas deste pais que controlam a maioria do transporte marítimo internacional do produto (onde mais se lucra).
    Porém, a campanha de propaganda já funcionou. A CNN e a Reuters fizeram com que o mundo ficasse feliz com a idéia. Foi um esforço tão eficiente quanto aquele que faz o carioca pensar que está andando de metro enquanto fica em pé num ônibus de Copacabana à Barra.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

MendigoChic e o FashionRio




    Com o virar de cada ano, o Tempo adquire novos sentidos. Quando era jovem um dia parecia eterno, hoje uma semana pode passar despercebida. Aos oitenta como será? Por isso decidi tentar coisas novas este ano. Para aqueles que me conhecem é obvio que não sei nada de Fashion (como fica aparente no meu estilo MendigoChic: havas e roupas aos pedaços). Mas como frequentei o primeiro dia do Fashion Rio este ano, pensei “que forma mais adequada de começar algo novo, do que sabendo nada.”
    Algumas coisas me espantaram, além das roupas de alguns também freqüentadores, e por isso decidi colocar aqui o que presenciei.
    Primeiramente, como jornalista, ou pelo menos pretendente, fiquei chocado em ver dentro do Lounge do Jornal do Brasil, um agradecimento à NET que até onde eu saiba é da Globo. A Globalização está realmente funcionando, pelo menos no Brasil.
    Também fiquei espantado com o Lounge do Caderno Ela, talvez uma das publicações mais prestigiosas a terem um Lounge, que estava um forno durante as primeiras horas do evento.
    O que mais me espantou, porém, foi a fila da primeira passarela que foi de uma marca para crianças. No primeiro verdadeiro sol de verão que tivemos no Rio este ano dezenas de pessoas aguardavam ansiosos. Nunca poderia ter imaginado que existia tanta demanda por coleções de roupas de criança. Mas aparentemente, como fui informado por minha amiga e grande jornalista, Julia Morales (http://nossoarmario.blogspot.com), a quem fico muito grato por ter me ajudado a penetrar o evento, o mercado de roupa infante-juvenil no Rio cresce muito.
    Coincidentemente tive uma idéia. Já que a taxa de donos de cachorro no rio é o dobro da taxa de pais, talvez seria um mercado interessante também...camisas do flamengo, chapéus caninos, etc. Procuro investidores.
    Mas eu que nada sei do assunto e até ontem pouco me interessava admito que estava levando o evento meio na farra, observando as beldades presentes, e desfrutando o ambiente agradável da Marina da Gloria. Isso foi até que começou o primeiro desfile. Congelei. As luzes apagaram. O baixo reverberando na tenda. De repente as luzes da passarela acendem e a primeira modelo deslumbra como uma estatua animada. O ambiente, as pessoas, o glamour... eletrizante!!!
    Fora algumas coisas risíveis talvez por algum preconceito meu ou pura ignorância, achei o evento super-interessante. Um tribo realmente diferente daquilo que imaginava pela mídia.
    Com isso encero minha primeira nova experiência de 2009. Foi proveitosa pois aprendi algo. E sei que se algum dia ouvir as criticas levianas e costumarias sobre este mundo peculiar, defenderei aquilo que posso. Claro, ainda me vestindo como um MendigoChic.

 
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