sábado, 26 de setembro de 2009

Rio em… Van

A ação do governo do Rio para inibir o uso das Vans me fez reconsiderar a situação destas. Usufrutuário do transporte publico, fico indignado quando vejo as vans cometerem escandalosas infrações no transito, ou acampadas “ala centúria” no ponto dos ônibus, impossibilitando a parada destes. Mas após reflexão sou obrigado a admitir que sempre abordei a questão com um certo preconceito. As vans trabalham na ilegalidade, não contribuem, não respeitam os transito, não têm regulamento- pouco a pouco todos meus argumentos se desmancharam diante de uma nova abordagem. Eis o que da questão...

Volta e meia sou obrigado a ouvir discursos sobre a redistribuição de renda, como se fosse possível tal artimanha por meios diretos. Inclusive a expressão por um todo não passa de slogan político, esvaziado pela frequencia de uso. Redistribuição de riqueza somente ocorre com a redistribuição de posse dos meios de colher riqueza ou com vontade publica contra o privado, duas coisas que no Brasil não acontecerão tão cedo. Tal impossibilidade é demonstrada pelo sistema de transporte público que se encontra nas mãos dos 47 donos de empresas que controlam os ônibus no Rio.

Quanto será o lucro das empresas? Não consegui encontrar, mas sei que um motorista de ônibus ganha uma miséria, contador igualmente. O lucro de operar uma van pode chegar a triplicar o estipêndio. Ou seja, trocando empresas de ônibus por vans autônomas, ocorreria uma redistribuição de renda direta da noite ao dia. Isso se não houver um bando de laranjas à frente de um novo monopólio de vans. Também seria melhor para o meio ambiente uma vez que as vans andam à base de GNV. Parece claro demais, não? Mas e o transito, como ficaria com tantas novas vans?

O bom da van é que além de ser um veiculo menor, também seria autônomo. Ao contrario das empresas de ônibus que podem sustentar suas frotas andando vazias pelas ruas o proprietário autônomo não. Ou seja, o mercado de vans se auto-regularia, um caso de oferta e demanda clássico. Pelo mesmo principio, os preços cairiam, uma vez que a competição direta levaria à procura por melhorar o serviço.

Deslocamento de trabalhadores seria o menor problema uma vez que cada dupla motorista/cobrador poderia simplesmente assumir uma van. Seria até negocio para a economia uma vez que o governo poderia disponibilizar através dos bancos o credito para a compra dos veículos, todos com GNV. E a produção de carros...etc. etc. etc.

Então pergunto: Por que diante de fatos tão simples de entender, num país como o Brasil onde a classe intelectual esquerdista profere tanto a tal redistribuição e a classe popular igualmente, consegue-se passar uma medida política que tão obviamente anda no contrassenso da tendência?

Resposta: A razão é que os interesses do velho “clube dos meninos” continua a prevalecer na esfera política do Rio. Sem educação, saúde, ou ordem publica, o sol gira diariamente sobre uma cidade onde a luz se recusa a acender.

 
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