sexta-feira, 4 de julho de 2008

Desvendado pela Essência

    Em pleno ano eleitoral o debate da divulgação de listas sobre candidatos com “fichas sujas” tem dominado os diários. Espantoso para quem achava que vivia num país democrático? Nem tanto. De qualquer forma o debate criou seus personagens. De um lado, o protagonista Roberto Wider, presidente do TRE, defende a divulgação de listas e barragem de candidatos sujos. Do outro, protegendo a não divulgação de listas e o direito de qualquer um se candidatar, está nosso antagonista, e presidente do STJ, Gilmar Mendes. Já que defender qualquer político no Brasil sempre acaba sendo um suicídio de credibilidade, prefiro falar hoje sobre o ultimo.
    Indagado esta semana sobre as listas, Mendes respondeu ter “horror de populismo”. O que isso pode ter a ver com a divulgação de listas sobre as vidas pregressas de nossos futuros candidatos, ainda não entendi. Será que alguém entendeu? Mas o tchutchuca Mendes não parou por aí, ainda declarou que não podia estar a favor destes tipos de listas porque teme que “graves injustiças” podem ser cometidas!!! Será que estou sozinho em não compreender a lógica nesta frase? Ou será que novamente se trata de proteger os políticos e que os cidadãos se virem...
    Tenho há algum tempo notado que nossos governantes, dos três poderes, têm uma tendência a serem bastante prudentes com qualquer coisa que os limite. Por outro lado, quando se trata do povo, também usam extrema cautela, como no caso da cratera que abriu na minha rua há mais de quatro meses,, que ainda esta sendo “contemplada”. Coesão sem coerência.
    É uma desgraça o presidente do Supremo Tribunal Federal estar tão distante da realidade brasileira. Se Gilmar acordasse aos fatos da união, entenderia que as “Graves Injustiças” são cometidas sim, todos os dias, mas são contra o povo, nunca contra políticos. Uma busca rápida na historia da justiça do pais, começando nos dias em que o Pai do nosso querido ex-presidente e agora senador Collor, assassinou um homem dentro do plenário do Senado, sem conseqüências penais, até hoje nos tempos de Renan Calheiros e Álvaro Lins, revelaria muito a Gilmar. Mas acredito que o pobrezinho não esteja pensando em tais trivialidades. Afinal, como que um funcionário público pode estar antenado à realidade do povo brasileiro com um salário de 24 mil reais mensais?
    Talvez sou um palhaço por acreditar que os políticos, juizes, policiais, e todo o resto do esqueleto brasileiro trabalha para o povo. São, afinal, contratados e eleitos para liderar o pais à gloria. Obviamente tenho assistido muito HBO, e os princípios do positivismo, que aprendi durante minha formação, devem ter ressonado em mim mais do que naqueles que pretendem erguer nossa bandeira. Mesmo assim estou bastante disposto, Sr. Mendes, a deixar alguns políticos sofrerem injustiças este ano. Prefiro assim do que ler nos jornais por mais um ano sobre os desvios de dinheiro público, enquanto todas as instituições sociais (hospitais, educação etc.) ficam abandonadas ao destino. A capacidade dos nossos políticos de defraudarem o sistema é matéria para premio NOBEL. Desculpem o desvio, mas imagina se usassem esta habilidade ao favor do cidadão...
    Quando criança ouvi um perola que até hoje regurgito com freqüência. “A vida é cheia de momentos definitivos. Quando se enfrenta tais momentos, ou você define o momento, ou o momento te define.” Esta semana, meu querido Gilmar, o momento te definiu.

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