quarta-feira, 5 de novembro de 2008

A 'America' existe?

Ontem fiquei assistindo as eleições americanas até as 3 da madrugada na CNN. Diverti-me muito com as caras de republicanos como Bill Bennet, que se esforçaram tanto para não declarar guerra nos demais comentadores do ‘Situation Room’. Como se sabe o partido deles é bom nesse tipo de coisa. Mas apesar da minha euforia devido à derrota esmagadora dos Republicanos, ou como são conhecidos a ‘Good Old Party’, algo me pegou errado. Quem são esses tais African Americans? Pensei a principio que se tratava dos Negros. Mas a denominação étnico-historica me fez pensar duas vezes. Será que estou delirando ou o termo, de fato, seria mais excludente e racista do que um simples ‘black’?

Quando ouço o termo African American fico pensando numa mulher dando parto num avião Estadunidense a caminho da África. Mas se de fato se trata da comunidade negra nos EUA, então nada faz sentido mais. Explico.

Digamos que Jonathan Kendall (ótimo nome americano), nasceu nos EUA. Seus antepassados há 500 anos vieram da Kenya, onde foram raptados para serem escravos americanos. Jonathan não sabe onde fica a Kenya, e se bobear a África. Mesmo assim falaram ao nosso jovem a vida inteira que ele é um tal de African-American. Ele aceitou. Jovens, humpf. Mas se o seguinte for verdade, então o John Mccain seria um Irish-American, o Rudolph Giulliani um Italian-American, e o Arnold Shwarzenneger um Austrian-American, ou um babaca, dependendo de sua ideologia política e cultural. Porém, dado este enfoque não existiria, de fato, nenhum simples American, e conquanto uma America. O país seria somente um burraco negro onde turistas permanentes vivem num estado de eterna temporariedade. (Oximoro de primeira).

Mas o que isso significa? Sei lá, está tudo tão incerto recentemente. Afinal os Republicanos não perdem tão feio desde... bem, nunca. A única coisa que sei é que o termo African American está errado e segrega cada vez mais uma sociedade já tão separada. Ontem a noite não houve uma vitória dos African Americans, e sim uma vitória dos Americans. Caso contrario estamos todos ferrados. Afinal, se o Jonathan após 500 anos ainda não foi aceito como um Americano, Wanderlei Da Créusia, que agora mesmo mastiga paçoca em pé numa fila de consulado tentando conseguir um GreenCard, não tem a menor chance.

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