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quinta-feira, 5 de junho de 2008

A real "Inflação"

Pô se eu pegar este dinheiro da bolsa da mamãe ela nem vai se dar conta. E também é tão pouquinho, que nem faz diferença. Se eu pedir ela vai dizer que não e eu quero tanto comprar aquela bola de futebol, que não faz sentido ficar sem- o menino pensou enquanto deslizava os dedos entre as dobras da carteira.

Ah não tem problema colar na prova. Afinal ta todo mundo fazendo e se eu tirar uma nota baixa meus pais vão ficar chateados, ai vai ter conseqüência. Se for pra vir ate aqui todo dia e ficar reprovado só porque não gosto de estudar, não venho mais. É só sentar perto daquela menina com os óculos que sempre presta atenção e anota tudo que no meio da prova eu falo com ela pra liberar- o moleque planejou enquanto escovava os dentes.

Então o esquema é o seguinte, nos vamos vender monografias de faculdade. O João, nosso cabeção, vai escrever os trabalhos e nós vamos vender camisetas pra nos proteger. Assim, o cara que quiser comprar um trabalho no esquema, vai comprar primeiro uma camiseta pelo preço que for pagar no trabalho, digamos 100 reais, e em retorno enviáramos a ele o trabalho de faculdade, e o sortudo ainda fica com a camiseta. Porque a camiseta? Para poder explicara imensa quantidade de dinheiro que vamos faturar nesse esquema. Assim, ficamos limpo, todo mundo sacou?- o rapaz indagou aos colegas de seu lugar na cabeceira da mesa da sala, minutos antes de seus pais chegarem do trabalho.

Esse João esta começando a encher o saco. Ta sempre querendo mais e mais. E dai se é ele quem esta produzindo os trabalhos. O esquema é de todos nós. Todo mundo tem que ganhar nessa parada. E as camisetas estão vendendo pra caraca. Então se esse cara quer mesmo causar problema, que se dane, tem bastante CDF por ai passando fome que faz os trabalhos pela metade do que estamos dando a ele. Por mim nós afastamos desse babaca.- o moço aconselhou logo antes do grupo decidir por se livrar de João.

Tudo no esquema. Casas em nomes de laranjas, caros em nome da mamãe, a vida realmente é bela. Se todos os esquemas entrarem na data este ano, eu vou ter faturado na casa dos 4 mizão. É isso mesmo meu chapa, você é o cara. Você teve que da duro, claro, e algumas decisões foram obviamente desagradáveis. Mas todas necessárias, sem elas não teria chegado aqui. Prestes hoje a ser recebido pela casa. Finalmente, cheguei em um lugar bom. Vivendo relaxado, agora sim, o céu é o limite! -ele refletiu enquanto encarava seu reflexo no espelho do banheiro de sua cobertura sua mulher ainda dormindo no quarto.

Senhor presidente, eu gostaria de aproveitar esta oportunidade para homenagear a mais recente adição a esta casa. Em nosso colega teremos um exemplo de ética e honestidade. Ele sim será uma adição crucial a esta casa. E gostaria de dizer aqui para todos os senhores Senadores que não só o conheço desde os tempos de faculdade quando começamos nossa primeira empresa juntos, vendendo camisetas, empreendimento humilde que levou grande esforço, mas que também confio nele como um irmão e um grande homem, que lutará conosco pelos princípios que defendemos aqui. Os princípios desta Nação.- os homens anunciaram no dia em que ele tomou posse.

domingo, 1 de junho de 2008

Um tapa na Cara...de quem?

Esta semana diante de um novo temporal de acusações de corrupção obviamente verídicas, fomos comparados ao Chicago de 1930. Concorde ou não, não deixa de ser uma comparação forte. Para quem não conhece a historia se trata do gangsterismo de Al Capone. Um criminal admirável, para quem admira essas coisas. (no rio, aparentemente, todos)

Capone atuou na época da lei seca em Chicago, produzindo e distribuindo bebidas alcoólicas. A maioria de Chicago tinha uma empatia ao gangster, por discordarem da lei, inclusive os policiais que se beneficiavam do arrego e das bebidas. Até ai da pra ver uma semelhança com nossa cidade maravilhosa. Mas a diferença esta na dinâmica do problema.

Capone não fazia parte do governo. E embora seus subornos a vários membros do estado serem de conhecimento publico, quando finalmente foi pego pelo jovem Elliot Ness, perdeu um apelo nos tribunais e cumpriu 11 anos de prisão. Ou seja, quando a policia pegou, o Judiciário funcionou, e o bandido se danou (vou virar poeta). Mas é assim que funciona quando alguém é preso, cabe ao Judiciário apoiar ou reverter a ordem. Claro isso no primeiro mundo.

Na nossa terra porem, temos um sistema digamos um tanto diferente, mesmo assim igualmente fascinante. Aqui, o Legislativo pode libertar um homem! Isso mesmo, o órgão que faz as leis, também, aparentemente, pode julgar como elas estão sendo aplicadas. Esqueça aquela besteira sobre balanço de poderes.

Para quem chegou até aqui sem saber do que se trata, estou falando da decisão risível da Alerj de libertar Álvaro Lins. Álvaro como todo mundo já sabe, incluindo meu padeiro que é analfabeto e cego, é mais culpado que um padre num convento as três da madrugada. Parece, inclusive, que os únicos que não sabem disto são os 40 deputados que votaram na Alerj a favor da libertação.

Mas onde estão os nossos Heróis? Onde está o nosso Elliot Ness para arrastar o Capone até a prisão? E mais importante, onde está o nosso judiciário para garantir que ele fique lá?
Sem fazer apologia, existia lógica em Capone. Por mais infrator que ele era, por mais danoso à sociedade que ele pudesse ser, ele não era eleito, não se sustentava com finanças publicas ou as explorava. Ele não era um protetor da sociedade, era cidadão. E nisso Lins, consegue ser pior, pois abusou da confiança do cidadão.
 

Em realidade o caso só fez provar novamente que não existe coerência em nosso sistema. E os eventos desenrolam de uma maneira que nos deixam perplexos. A comparação é forte sim, e Chicago era um cenário cheio de corrupção e violência nos anos 30. Mas foi nesse mesmo cenário que o sistema quebrou o ladrão. Aqui ao invés, parece que o Ladrão infiltrou o sistema. E por isso me pergunto, com quem é a maior sacanagem da comparação: Nós ou Chicago?

 
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